- Não foi uma doença, doutor. Foi um acidente de carro - Falou a enfermeira.
- Qual o estado?
A enfermeira fez uma pausa.
- Grave.
Sala de operação.
O doutor Maciére trabalhava sozinho, lentamente, apenas com o zunido da lâmpada que iluminava a maca e o paciente; todo o resto da sala estava engolido na escuridão.
A enfermeira entrou. Caminhou silenciosamente, como um gato se aproximando de sua vítima e observou de longe como andava a operação.
- Pois não? - perguntou o doutor, inesperadamente.
- Oh - Espantou-se a enfermeira, desconcertada por não ter sido tão silenciosa quanto pensara. As palavras não subiam à garganta.
- Tudo bem, tenho um bom ouvido para pegar respirações, se é que me entende... - Explicou o doutor, ainda fixo em seu trabalho.
Ela apenas assentiu, esquecendo-se por alguns segundos que ele não prestava atenção nela. Acalmou-se um pouco e perguntou.
- Como ele está, doutor.
Ele respirou fundo. Interrompeu-se um pouco e olhou para a enfermeira.
- Uma perna com fratura exposta, uma mão decepada, cortes por todo o corpo e o peito inteiro putrefato.
A enfermeira assentiu novamente.
Ambos olharam juntos para o cadáver e silenciaram-se por alguns segundos. Logo, o zunido foi acompanhado pelo suspiro da enfermeira.
- Ora, não se preocupe! - Interrompeu o doutor Maciére - Ele ainda tem a cabeça, um braço e uma perna bons, fora que era em geral bonito. Vamos encontrar outra mão, outra perna e uma pele de peito melhor para ele...
A enfermeira assentiu, virando-se para seguir para a sala onde guardavam os membros extras.
- Ah sim - Chamou o doutor antes que ela fechasse a porta - Traga mais linha de costura. Eram muitos cortes, não sei se sobrará para os membros novos. Não queremos que quando ele levante, seu corpo comece a desmontar pelo caminho, certo?!
Ameei, Huhsuahsuah, tão Dark *-*
ResponderExcluirEu queria saber escrever assim, não só contos de terror, mas de outros gêneros também :T
Parabéns pelo blog *-*
Muito bom, como sempre
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