domingo

Alvorada...

Alegria.
Só de pronunciar tais sílabas, nosso rosto abre um sorriso espontaneamente.
Ela vem, brusca como uma explosão graças à apenas uma centelha que acenderam ao nosso lado; sentimos nosso corpo em queimar de tanto bem-estar, enquanto mal conseguimos conter sorrisos, cantar músicas e afirmar mais de uma vez para a nossa consciência que a vida é bela. Oh, como ficamos felizes por termos sobrevivido até aquele momento, apenas para desfrutar o calor de um dia ensolarado ou a melodia de uma bela música; temos vontades que antes não tínhamos; queremos começar novos hábitos, experimentar o desconhecido, enfrentar nossos medos.
Estamos em chamas.
Queremos ser a melhor companhia do mundo; queremos fazer amigos novos para termos bons momentos que nunca imaginariamos ter; e queremos agradecer aos antigos por terem ficado ao nosso lado sempre que precisamos; qualquer mensagem, qualquer noticia faz nosso coração enxer, pois nos sentimos amados e queridos; e, aos poucos, nosso coração pede mais do que isso: ele quer paixão.
Talvez não um amor, mas uma paixão, que queime tão intensamente quanto essa alegria que nos consome. Queremos dividir com algúem tudo de bom que sentimos, queremos alguém para beijar e abraçar, sentir as chamas da nossa alegria e viver conosco esse dia ensolarado.

Mas todo dia ensolarado tem seu crepúsculo.
Toda chama queima, intensamente, até não poder mais.
Então morre.

Tristeza.
A palavra que faz cada sorriso parecer impossível.
Ela vem, brusca como ser lançado numa lagoa fria, graças à apenas um empurrão que nos fez cair do topo. Nosso corpo aos poucos pesa, nossa auto-estima afundando, conforme a alegria parece se tornar impossivel de reacender assim que nos vemos cercados de água; não há nada bom o suficiente para te levantar, não há ninguém que consiga rasgar um sorriso em seu rosto. Músicas passam a não fazer sentido, ao menos que nos façam afundar mais e mais, numa tentativa desesperada de ver se morremos afogados em tristeza pois não aguentamos mais ficar sem ar. Cada momento feliz parece um sonho inalcançável numa realidade cruel. Não temos forças para nada, pois mesmo os hábitos antigos parecem não fazer sentido. Qualquer sorriso ou consolo amigo parece raro uma bolha de ar, mas nos deixa um pouco mais próximos da superfície. E o desespero, de ninguém mais vir te salvar a tempo; não temos ar suficiente em nossos pulmões para gritar por ajuda; e o desespero de afundar a tal ponto de ver, de relance, o olhar triste de alguém que tentou desesperadamente te ajudar, mas não conseguiu.
Onde foi nossa força? Onde foi nossa coragem?
Tudo nos machuca, tudo nos assusta. Uns fazem o possivel para se afastar, de medo de machucar, enquanto se debatem, seus próximos que tanto ama. Outros, afundam tanto que não tem mais coragem de se afastar; choram desesperadamente na noite quando se veem sozinhos e perguntam-se se finalmente chegaram ao ponto que o afogamento estará completo.

Precisamos de nossas chamas novamente.
Tão fortes, intensas, repentinas
Que possam ferver a água fria, evaporá-la permanentemente para podermos respirar livres novamente. Uma mensagem, uma notícia, uma mera manifestação de carinho é capaz de esquentá-la; mas se forem constantes, vindas de infinitas fontes diferentes, a água e escuridão vão evaporar.
E num sopro repentino, uma jorrada de ar,
Estaremos arfando por termos acordado de um pesadelo.
E abraçaremos, com um quente sorriso no rosto, quem esteve ao nosso lado por tanto tempo;
E que tornou possivel acordarmos de mais um pesadelo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário